Lá vem Maria

Saudades do que não vivi

fev 13, 2017 por

casalTenho saudades de ti, Margarida.

Tenho saudades do teu carinho e de tuas caricias.

Talvez possa chamar-me tolo, mas maiores são as saudades dos prazeres que não vivi.

Nas noites em tua companhia não furtei-me a conduzir os afagos e a induzir intimidades, às vezes, beirando a determinação. Parti desconhecendo a entrega.

Não creias, terna amiga, que escrevo lamentações. São apenas confissões e além delas, está o desejo de dar-te a saber que reconheço o mundo de ternura que existia ao lado.

Mas é tarde, Margarida. Tarde para impedir que a inteireza da entrega sucumba a indignação. Vivi a guerrear contra o roubo da vida. Ingênuo, não vi que a minha, eu entregava aos ladrões.

Continuo a olhar o mundo com a zanga dos desajustados, mas não posso furtar-me ao discernimento. Reconheço que fui pego em vil armadilha. Lutei com as armas dos ladrões, deixei que tomassem os sentidos e os sentimentos, e contaminassem sonhos e crenças. Dei-me a ira e a gana de vencer a batalha. Quem está  tomado a luta insana, não pode dar-se ao afeto.

Mas não é tarde, Margarida. Não é tarde para mudar as armas. Encontro na tua capacidade de resistir aos chamamentos da violência, os meios para barrar em mim, a vitória dos ladrões de vida.

Cultivo hoje, a força silenciosa que recebi de ti.

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O Crônicas segue, apoiando a Resistência.

ago 17, 2016 por

 

lançamento do Crônicas da Resistência em Curitiba

lançamento do Crônicas da Resistência em Curitiba

Hoje, 17 de agosto de 2006, mais um exemplar do livro “Crônicas da Resistência – Narrativas de uma democracia ameaçada” partiu. Seguiu rumo a capital de outro estado brasileiro. Uma pessoa jovem presenteou outra, também jovem.
Poderia imaginar que nossas narrativas teriam grande impacto na vida da pessoa presenteada ou do presenteador, mas não é assim que sinto. A verdade é que o fato trouxe uma alegria orgulhosa. A pequena crônica, que condensa anos do olhar que lanço aos fatos, será lida por quem chegou ao mundo uns trinta anos depois de minha aterrizagem. Mas em minutos de conversa, três décadas que poderiam ser um abismo, transmutaram em tempos de aproximação e entendimento.
Encaramos os fatos com focos semelhantes. Entendemos os fatos com profundidade e amplitude similares.
A experiencia provocou uma viagem no tempo e lá estou, com idade próxima a da pessoa que presenteou e da que foi presenteada. Resgato o longo caminho de aprendizagens. E, na ponta de cá, entendo o mundo com critérios próximos aos daqueles que só caminharam metade do caminho que já fiz.
Retomo também as conversas com outros autores do livro, no ato do lançamento de Crônicas da Resistência. Nas narrativas estão desde olhares de pessoas com idade próxima a minha, quanto a deles. Muitos com atuações admiráveis. Muitos anônimos e, assustadoramente, lúcidos.
Enfim, a experiencia de hoje soma-se a outras e prova que o mundo é diverso e complexo. Essa realidade estanque e dicotomizada que nos vendem todos os dias interessa ao golpe e aos golpistas.
Essas pessoas de pouca idade, admiradores dos regimes ditatoriais que tomam as mídias não são maioria. A população do Brasil, assim como o mundo, é complexa, heterogênea nos mais diversos aspectos, incluindo o humanitário. A consciência segue curso não linear, mas a propaganda não dá destaque àqueles que estão do outro lado, que não pactuam dos interesses de quem dá a vida valor menor que o capital.
Ao final da reflexão, concluo que Crônicas da Resistência pode fazer diferença na vida de quem presenteou e de quem foi presenteado. As narrativas dirão a eles que há respaldo para seus pensamentos, suas análises, suas críticas e seus entendimentos. Pode ser alento para que sigam diferenciados. Para que não se vejam sozinhos em meio a essa versão sem luz nem esperança que querem nos impor.

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Crônicas da Resistência: para dizer sim a liberdade e a vida.

jul 25, 2016 por

cronicas livroQue valor tem a terra se já não sustenta árvores, arbustos ou plantas forrageiras?
Que valor tem a terra que depois de sulcada pelo trator recebera sementes que germinarão, mas  não alimentarão aqueles que nela vivem?
Que valor tem a terra que já não abriga pássaros, borboletas, gambás ou cobras?
Que valor tem a terra envenenada, que envenena a água, que envenena a vida?

Que valor tem um país que não acolhe nem protege aqueles que vivem em seu solo?
Que valor tem um país que mata seus habitantes de fome, sede, desamparo ou abuso?
Que valor tem um país que se entrega a exploração de outro e definha?
Que valor tem um país que entrega aqueles que o construíram para que sejam nada além de seres escravizados?

Hoje, no Brasil de agora, lutamos ou seremos apenas um povo saqueado.
Por isso, hoje, no Brasil de agora, resistimos e resistiremos, sabendo que unir forças é imprescindível a preservação da multiplicidade de etnias, línguas e saberes que nos enriquece e nos faz únicos.
Para que possamos ter pátria.
Para que possamos ser nação.
Para que não nos roubem as oportunidades de sermos, humanamente, melhores do somos.

Dia 28/07/2016, a partir das 18 horas, no teatro da Reitoria/UFPR, com o lançamento do livro coletivo Crônicas da Resistência, reafirmaremos o sim à liberdade e a vida, dizendo, mais uma vez, não ao golpe!

O livro conta com prefácio de Adolfo Perez Esquivel,  Prêmio Nobel da Paz de 1980 e incansável defensor da liberdade e dos direitos humanos.  Leonardo Boff assina a contracapa.

A abertura será com o espetáculo “Os Semeadores de Sonhos” com João Bello e Susi Monte Serrat e Cultura Resiste

Serviço:
Livro Crônicas da resistência 2016 – Narrativas de uma democracia ameaçada Editora ComPactos 230 pg R$ 30,00 Local: Teatro da Reitora UFPR
Horário: 18h
Dia: 28 de julho
Endereço: Rua XV de Novembro, 1299 – Centro – Curitiba (PR) Contato com a editora e autores pelo e-mail: cleusaslaviero@hotmail.com

crônicas autores

participantes do livro Crônicas da resistência

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Crônicas da Resistência no Paranaaqui

jul 11, 2016 por

No dia 28 de julho de 2016 marcaremos nosso posicionamento: somos terminantemente contra o golpe que toma o Brasil.   O ato que sela nosso compromisso com a democracia contará com o lançamento do livro Cronicas da Resistência, organizado por Cleusa Slaviero, publicado pela Editora ComPacto e que traz o registro de nossos olhares.
Compartilhamos aqui a matéria da jornalista  Ana Maria de Jesus, publicada no Paranaaqui em 07/07/2016

Lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016

Lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016

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Escritores promovem ato em defesa dos direitos políticos de Dilma Rousseff. No dia 28/07, no Teatro da Reitoria da UFPR, acontecerá o lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016. O livro traz o selo da Editora ComPactos e foi coordenado por Cleusa Slaviero. As crônicas, assinadas por escritores e profissionais das mais diversas áreas e de vários estados do Brasil, mostram a leitura dos momentos políticos conturbados pelos quais o país passa. O prefácio é assinado pelo Prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Perez Esquivel e, a contracapa, pelo Teólogo, intelectual e pacifista Leonardo Boff.

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Escritores: Silzi Mossato, Paulo de Jesus e João Bello

Para a romancista Silzi Mossato, autora de uma das crônicas, o livro revela olhares sobre o golpe, abordando aspectos e ângulos diversos e afirma: “Fazemos o ato ciente que, se desistirmos, não seremos uma nação, não teremos uma pátria que nos acolha ou que abrigue as próximas gerações”.

O escritor e poeta Paulo de Jesus, autor de uma crônica, alerta que a sociedade não pode compactuar com o golpe branco. Crônicas da Resistência é um grito coletivo de 83 brasileiros em prol do estado de direito. Será um ato político de resistência ao golpe branco que assola a nação e diz: “O evento será mais que o lançamento do livro com registros históricos dos momentos conturbados que estamos vivenciando. Será um ato político em defesa do mandato da Presidenta Dilma, da democracia e do respeito aos mais de 54 milhões de votos”. O poeta, músico e educador João Bello diz que a democracia, em momento algum, deve ser cerceada e afirma: “Será uma noite de Cultura e Resistência pelos nossos sonhos, ideais e pela democracia. Somos a Curitiba hospitaleira, generosa, solidária e queremos mostrar isto recebendo autores de todo o Brasil que bravamente resistem a esse momento crítico”.

O evento é aberto e gratuito e conta com o apoio dos movimentos sociais. Os autores explicitam que todos os defensores e simpatizantes da democracia e do pleno estado de direito estão convidados a comparecerem e fazer deste evento um grandioso ato político em prol da democracia.

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Feira do Poeta: um ano de (re)conquistas

abr 1, 2016 por

imagem do acervo da Feira do Poeta

Os escritores sabem que seus escritos precisam de leitores e que leitores precisam de poesias e histórias através das quais possam viajar. Mas escritores também sabem que é preciso criar pontes entre suas criações e aqueles que as querem conhecer. Uma das boas pontes é a Feira do Poeta.
Para quem não conhece, a Feira ocupa um espaço não muito grande, mas aconchegante e bem organizado no Largo da Ordem. Durante décadas foi referencia, mas sumiu do cenário curitibano por cerca de 12 anos, ressurgindo em março de 2015.
Este núcleo nasceu em 1981 com o nome Projeto Poetas na Praça, desencadeado pela poetisa Maria de Jesus Coelho que queria um espaço para si e seus colegas. A Fundação Cultural de Curitiba atendeu a reivindicação e a FUNDEPAR ampliou o apoio, cedendo equipamentos para impressão artesanal. No final do mesmo anos nascia a Feira do Poeta.
Muita coisa aconteceu. A equipe apoiou, publicou e mostrou muita gente enquanto transitava por vários espaços, incluindo o Centro de Criatividade do Parque São lourenço, a Casa Romário Martins, a casa nº 108 da Rua Claudino dos Santos e ganhou sede própria, ao lado da Casa Romário Martins. Depois de tanto fazer, a Feira sucumbiu. Mas poesia é como aquelas plantinhas de raiz rasteira, que some aqui e aparece acolá. E reapareceu pelas mãos de Luiz Brizola3Carlos Brizola. Ele contou em entrevista que reabrir a Feira do Poeta foi uma ideia grupal. Veio à tona em meio a uma série de movimentos como o Cutucando a Inspiração, Sarau Popular, Escritibas e Meninas que Escrevem (atual Marianas). De posse da proposta, Brizola foi a Fundação Cultural de Curitiba que apoiou e ajudou a negociar a recuperação do espaço.
Nesta semana a reabertura da Feira do Poeta completou um ano, fortalecida pela participação coletiva. Tem nova forma de funcionar e presta apoio aos escritores de diferentes linguagens. É, principalmente, um espaço de divulgação para autores de Curitiba e região metropolitana. Mas está aberto aos músicos e outros artistas que queiram realizar performances e intervenções diversas. Além da disponibilização do espaço, presta serviço de orientação para editoração, apoio logístico aos Escritibas e aos projetos Sarau Popular e Cutucando a Inspiração.
A Feira do Poeta é hoje, a casa do escritor de Curitiba e região, mas para lançamentos e eventos, recebe autores de qualquer lugar do Brasil.
Os domingos são reservados aos lançamentos e manhãs de autógrafos. Entre terça e sexta, além do apoio logístico já citado, é possível fazer consulta ao acervo, obter informações e consultoria para editoração.
Até fevereiro de 2016 contava com a coordenação apenas de Brizola, mas partir de março de 2016, Geraldo Magela passou a integrar a equipe. Magela, que está na foto da antiga Feira do Poeta, é quem a define como “espaço plural, com várias linguagens, literárias ou não”. FP11

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