Lá vem Maria

Duas horas com o Cultura Resiste/PR

jul 12, 2016 por

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A Vida pede. Viva mais Cultura.”
(da página da Caixa Cultural de Curitiba, no Facebook)

Não estive muito tempo com o grupo  que, na sexta feira, 08 de julho de 2016, ocupou o espaço da Caixa Cultural de Curitiba. Foram apenas duas horas. Tempo que eles levaram para se reunir e organizar a ocupação relâmpago no espaço de entrada do prédio. Tempo suficiente para compreender seus objetivos e causas.
Sem dúvida, todos, assim como a grande maioria dos brasileiros, querem o fim deste período de exceção e a retomada do mandato da presidente eleita. Mas o foco do debate que aconteceu no inicio das atividades pode ser sintetizado em uma frase: os recursos da união são drenados de todos os setores que fazem parte da área de humanas para engordar bancos e banqueiros.
IMG_8649Não é difícil de entender o argumento. De um lado já temos a maior parte dos recursos da união comprometidos com juros e a amortização da divida pública. Uma auditoria poderia reverter o quadro, ainda que parcialmente. Mas, contrariando o bom senso, as taxas que antes foram forçadas para baixo, agora crescem. E a divida também. Do outro lado, os recursos para Cultura, Ação Social, Moradia, Educação e Saúde somem.
A Caixa Econômica Federal é o banco público responsável pelo transito dos recursos das áreas de humanas. A agência da Caixa da Rua Conselheiro Laurindo aloja espaços culturais como o teatro e espaço para exposições. Por isso a escolheram.
Estamos acostumados com a vinheta “vem pra Caixa você também”, mas, neste final de semana,os integrantes do Cultura Resiste nos alertou: enquanto o golpe for mantido, seremos todos excluídos, não só da Caixa,  mas de todos os bens sociais que ajudamos a construir.

Este é um dos pilares do golpe. Junta-se a ele o desmantelamento das estatais, a entrega de nossos recursos, iniciando pelo Pré-Sal. E não podemos descartar o alastramento de domínio que as bases americanas instaladas no continente representam.

Precisamos todos, de todas as áreas, dizer não ao golpe para que possamos ter uma nação que nos abrigue.

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Indicamos uma postagem antiga de Auditoria Cidadã da Divida. Embora escrito antes da queda dos juros, ajudará a entender o alerta do Cultura Resiste.

A lógica perversa da Dívida e o Orçamento de 2015

 

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Crônicas da Resistência no Paranaaqui

jul 11, 2016 por

No dia 28 de julho de 2016 marcaremos nosso posicionamento: somos terminantemente contra o golpe que toma o Brasil.   O ato que sela nosso compromisso com a democracia contará com o lançamento do livro Cronicas da Resistência, organizado por Cleusa Slaviero, publicado pela Editora ComPacto e que traz o registro de nossos olhares.
Compartilhamos aqui a matéria da jornalista  Ana Maria de Jesus, publicada no Paranaaqui em 07/07/2016

Lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016

Lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016

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Escritores promovem ato em defesa dos direitos políticos de Dilma Rousseff. No dia 28/07, no Teatro da Reitoria da UFPR, acontecerá o lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016. O livro traz o selo da Editora ComPactos e foi coordenado por Cleusa Slaviero. As crônicas, assinadas por escritores e profissionais das mais diversas áreas e de vários estados do Brasil, mostram a leitura dos momentos políticos conturbados pelos quais o país passa. O prefácio é assinado pelo Prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Perez Esquivel e, a contracapa, pelo Teólogo, intelectual e pacifista Leonardo Boff.

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Escritores: Silzi Mossato, Paulo de Jesus e João Bello

Para a romancista Silzi Mossato, autora de uma das crônicas, o livro revela olhares sobre o golpe, abordando aspectos e ângulos diversos e afirma: “Fazemos o ato ciente que, se desistirmos, não seremos uma nação, não teremos uma pátria que nos acolha ou que abrigue as próximas gerações”.

O escritor e poeta Paulo de Jesus, autor de uma crônica, alerta que a sociedade não pode compactuar com o golpe branco. Crônicas da Resistência é um grito coletivo de 83 brasileiros em prol do estado de direito. Será um ato político de resistência ao golpe branco que assola a nação e diz: “O evento será mais que o lançamento do livro com registros históricos dos momentos conturbados que estamos vivenciando. Será um ato político em defesa do mandato da Presidenta Dilma, da democracia e do respeito aos mais de 54 milhões de votos”. O poeta, músico e educador João Bello diz que a democracia, em momento algum, deve ser cerceada e afirma: “Será uma noite de Cultura e Resistência pelos nossos sonhos, ideais e pela democracia. Somos a Curitiba hospitaleira, generosa, solidária e queremos mostrar isto recebendo autores de todo o Brasil que bravamente resistem a esse momento crítico”.

O evento é aberto e gratuito e conta com o apoio dos movimentos sociais. Os autores explicitam que todos os defensores e simpatizantes da democracia e do pleno estado de direito estão convidados a comparecerem e fazer deste evento um grandioso ato político em prol da democracia.

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Ensimesmar: o verbo

jul 5, 2016 por

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Ensimesmar é o verbo do inverno. As plantas se recolhem, deixam partir as velhas folhas e se preparam para a florescência primaveril.

Ensimesmar é o verbo das despedidas. As marcas deixam as sombras, afloram , nos pedem para lamber as feridas e chorar as dores que se preparam para partir.

Ensimesmar é o verbo da lagarta. Encouraçada e protegida ela tece asas, metamorfoseando-se em borboleta antes de romper o casulo.

Ensimesmar é verbo de quem deixa a alma falar. Permite que o inverno entre,  trata de recolher-se, coloca as paixões de molho, limpa a casa e relaxa o corpo. Sem pressa de saber por onde caminhar, prepara as asas para o voo livre.

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A Função Real das Escolas

jun 6, 2016 por

Uma noite, numa locadora, procurava filmes brasileiros. Havia poucos e eu conhecia todos. A justificativa, conhecidíssima: ninguém quer saber de filmes brasileiros.

O Brasil produz bons filmes. Caso o trabalho de divulgação beirasse aquele dos milhares de filmes do receituário padrão hollywoodiano, a situação não seria outra?

Não vamos estabelecer um debate a respeito da distribuição e divulgação dos filmes brasileiros e americanos, mesmo porque é fato que as distribuidoras que atuam no Brasil não são brasileiras e estão a serviço das grandes empresas do ramo.  E nosso assunto é educação.

E quando falamos de educação falamos de cinema, televisão, música, teatro, dança, artes visuais, literatura, história, geografia, matemática, física quântica… Mas nossas locadoras, nossos cinemas, nossos canais de televisão vivem entulhados dessas coisas de fórmula única, enredo repetitivo, violência nada gratuita (pois nos custa muito, em todos os sentidos). E nossos professores, pela formação ou pela condição financeira, raramente têm acesso a alternativas culturais.

Como podem alimentar as escolas com posturas críticas necessárias?

Atribuindo a escola a função de repassar conteúdos formais, estagnados, organizados em arquivos padrões, podemos dispensar a postura crítica. Mas se a tarefa inclui suporte à formação de pensadores que saibam usar conteúdos programáticos como base para a sua contínua aprendizagem, educadores críticos são fundamentais. E educadores críticos precisam realimentar-se continuamente. E realimentar-se da diversidade de olhares, das contradições, das contraposições.

Antes de perguntar se há no universo da educação brasileira espaço para estudantes questionadores é necessário perguntar se este sistema consegue acolher e alimentar educadores engajados, críticos, inovadores. Indo além: há interesse real na formação de professores e alunos críticos ou a busca limita-se a produção de bons técnicos?

 

De novo, não deixo uma bibliografia, mas um autor: Paulo Freire“.

 

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Madalena Freire e A Paixão de Conhecer o Mundo

maio 27, 2016 por

apresentação do livro Além das Montanhas Coloridas no FAMA-Arapoti

apresentação do livro Além das Montanhas Coloridas no FAMA-Arapoti

Decorrem 12 anos desde de meu afastamento da atividade de psicóloga educacional, mas bastou um evento – o FAMA, de Arapoti, Paraná – para que o desejo de compartilhar as experiências acumuladas tomasse o corpo e a alma. Desejo que, a partir de agora, transponho para a escrita.
Esse anseio foi aguçado, primeiro, pelo trabalho de João Bello e Susi Monte Serrat, que contou com a participação do músico Jeronimo Colbert Bello. Aparentemente eles fazem um show alegre, divertido e colorido. Desses espetáculos que nos incitam a cantar, dançar e alimentar as raízes. Mas na verdade é uma aula prática, recheada com os elementos que mais faltam no cotidiano escolar: o prazer e a criatividade.
Não imaginem que ao pontuar a ausência de alegria e criatividade no ambiente escolar, estou criticando professores ou equipes pedagógicas. Antes, tenho plena consciência de que esse formato enrijecido do processo tem bases no Brasil imperial e que quando estava em plena mutação, sofreu os efeitos da ditadura militar.
Não irei, neste texto, mergulhar na etiologia do problema. Abordarei alguns aspectos em artigos futuros. Mas, de imediato, indico o livro História da Educação no Brasil, de Otaíza de Oliveira Romanelli, que registra extensa e profunda pesquisa da autora.
Voltando a eclosão do desejo de compartilhar, o segundo desencadeador foi a apresentação do trabalho do artista Hélio Leites, pelo próprio. A arte de Hélio tem como matéria prima aquilo que jogamos fora todos os dias: caixinhas de fósforo, palitos, latinhas, entre outros. Enquanto ele mostrava objetos e falava do seu fazer artístico, ideias sobre a aplicação deste fazer no resgate do prazer de aprender, da auto estima, da capacidade de pensar criticamente e de criar invadiam o pensamento.
Não imagino que reverter a rigidez do ensino seja um processo simples. Comprometimento das equipes, capacitação continuada e presencial, além de estratégias para proteção das mudanças obtidas são imprescindíveis para fazer brotar alegria no ambiente escolar, desencadear condutas de respeito para com as diferenças individuais e permitir a criatividade e espontaneidade. E, é claro que baixos salários e sobrecarga de trabalho são barreiras adicionais. Mas também tenho convicção, fundamentada na experiência, que agregando prazer e alegria ao ato de aprender e ensinar, a vida dos profissionais envolvidos será positivamente afetada.
Foi neste contexto, em meio ao FAMA, junto com colegas escritores que lá estavam para apresentar suas obras, que lembrei de Madalena Freire e do livro A Paixão de Conhecer o Mundo.
Tão apaixonante quanto o nome, a obra traz a transcrição da experiencia da autora na Escola da Vila, em São Paulo. Relata o processo, mostra a aplicação do que chamamos práxis e os resultados obtidos. O prazer e a criatividade vivenciados contaminam cada página do livro, que parece escrito por crianças felizes.
Madalena apresenta um caminho. Há outros. Cada unidade educativa pode descobrir o seu.

Na galeria, fotos dos escritores apresentando seus livros aos professores da rede municipal de Arapoti.na primeira foto: Paulo de Jesus, Silzi Mossato, Sedinei Rocha, Desirée Cavallin Veloso e Francine Cruz. Na sequencia, João Bello, Hélio Leites, Susi Monte Serrat e Jeronimo Colbert Bello.

(para visualizar: clicar sobre a foto para abrir e repetir o clic para tela cheia)

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