Lá vem Maria

UM MANUAL, POR FAVOR

jul 5, 2011 por

Estamos na estrada, passos automatizados, rumo aos sonhos ou simplesmente vencendo distâncias. Talvez no ar, sobre a corda bamba, equilibrando e desenrolando nossos fios. Ou no mar, nadando e boiando de acordo com ondas e marés. Mas, nalgum ponto, alguma coisa avisa: é hora de mudança. Rever pontos de vista, colocar valores na berlinda, traçar novos planos, experimentar outros lados, aprender o que ainda está à espera.

Sejamos honestos: não somos chegados às transformações. Melhor: não somos chegados às nossas transformações.

O que fazemos?
Vamos levando. Adiamos. Deixamos pra logo ali, à frente. Postergamos.
A vida, essa que a gente gostaria de ter sob custódia, avisa. Dá recados. Faz sinal de alerta. Enfim, nos dá uma rasteira e ai tudo vira de pernas pro ar.
Crises deveriam vir com manual em bom português e também em quadrinhos animados. Mas não. Chegam desnudas e nos deixam sem nada sob os pés. Não bastasse, lançam zumbidos aos ouvidos, embaçam a visão, deixam pensamentos em desalinho e o peito, pobre peito, repleto de agonia.
Discriminar? Discernir? Distinguir? Divisar? Diferenciar? Verbos e mais verbos que costumeiramente não acompanham as crises. E elas são parte inalienável da vida. Ocorrem de tempos em tempos, impulsionam o crescimento, nos obrigam a amadurecer. Isto pra quem dá conta de emergir.
Pedimos socorro. Queremos que aqueles que nos cercam lancem luz ao nosso caos. Mas nada funciona, exceto, trilhar o caminho, passo a passo, até a próxima estação. E chegamos diferenciados. Com novas perspectivas. Ou magoados. Cheios de cicatrizes que insistem em não ceder ao tempo.
Podemos escolher. Carregamos o fardo até a próxima crise ou comemoramos o fato de termos dado conta da passagem.

Desta vez tive sorte. Um médico intuitivo receitou uma fórmula floral e uma pessoa querida trouxe de volta meu exemplar de Passagens – Crises Previsíveis da Vida Adulta, da jornalista Gail Sheery. Grandes ajudas. Não tenho um manual, mas posso vislumbrar caminhos.

ler mais

Posts Relacionados

Compartilhar

TEORIA DO CAOS

jun 30, 2011 por

 

MINHA AMIGA GIRASSOL

Sueli Santos ou Sueli Albano, como um dia decidiu que seria, partiu. Na sala das despedidas havia um girassol e entendi que aquele era o seu mais fiel retrato. Para Sú, vida era uma mistura de sol e movimento. Às vezes brisa mansa, mas quase sempre, ventos de muitas direções.

A guerreira que tinha sempre uma arte ao alcance das mãos, ganhou liberdade sem necessitar de asas. O corpo ganhou marcas, mas Sú nunca deixou de ser a GIRASSOL que conheci em 1984 e que homenageamos, retomando sua colaboração única no lavemmaria.

 

TEORIA DO CAOS

por Sueli Albano

Para a física e a matemática Teoria do Caos é a que explica o funcionamento de sistemas complexos e dinâmicos. Determinados resultados podem ser instáveis…Com a internet, a tecnologia, os povedores também é assim. Um caos!!É a ação e interação de determinados elementos: a formação de nuvens, o cachorro que mijou no poste, a TPM da atendente….o mouse…

Respiro fundo.

Será que eu pergunto?

Não. Melhor, não arriscar. Me lembro das respostas clássicas dos meus sobrinhos geniais e superdotados : TEM QUE TER O SEGUNDO GRAU, NÉ TIA?

USUÁRIO É BURRO!! NOSSA, COMO É BURRA, COITADA!!!

Penso comigo mesma: caaaaaaaaaalma!!

Afinal são só seis meses que não estou conseguindo trabalhar. O que são seis meses sem trabalhar, pra quem passou uma vida inteira falida?!! AAAAAHHH!!!! Mas agora instalei o Linux e mandei o Windows as favas. Perdi todos meus aquivos, textos e fotos. Doeu, prá caramba!! Mas foi só isso. Não se precipite!!!

Não é que funcionou o novo programa?!!

Ulalá!! Finalmente, posso trabalhar, contrariando toda minha vontade. Até já estava pensando no título do meu próximo livro de auto ajuda, que não vou escrever: COMO VIVER FALIDA E FICAR NUMA BOA.

Finalmente plugada, e agora?

Agora? Agora é o maaaause!!!O mouse não funciona!!…Ai!

Meu DEUS!! O moooouse!!!Meu mouse querido, o mouse novinho que eu acabei de comprar!!

Dá um pause….. isso, é só o mouse agora…

Será que eu pergunto?

Respirei fundo, acendi um cigarro e fui dar uma voltinha. Eu tinha que tomar uma decisão muito importante.

PERGUNTO OU NÃO PERGUNTO?

Agora eu tava chutando as paredes por causa do meu mouse querido.O meu mause última geraçããão!!!

Minha vizinha muito fofa, do outro lado da calçada começou a rir do chute no muro e me perguntou porque eu tava tão furiosa?

Respondi um tanto envergonhada, pois não queria que ela tivesse visto a cena.

Esse maldiiito mouse, tá me acabando com a vida.!!!

Aí, tão inocente, ela perguntou:

Uai!!! Cê arrumou  um namorado novo, é? Eu nunca vi ele por aqui!!!!???

Amo muito tudo isso!!!AHAHAHHA!!”


ler mais

Posts Relacionados

Tags

Compartilhar

DIZEM POR AÍ

jun 29, 2011 por

Mulheres falam de homens.

Falam porque gostam de homens; falam porque gostam de falar de homens; falam porque gostam de falar mal dos homens.

Dessas falas sei e muito.

Ouvi dizer que homens falam de mulheres, entre homens. E dessa conversa, fiquei de fora.
O que falam os homens?
Como falam?
Que pontos de vista têm esses homens?
E como esses homens, dos quais as mulheres tanto falam se vêm?

Nossa, sou ignorante!

ler mais

Posts Relacionados

Compartilhar

AS BACTÉRIAS SABEM DAS COISAS

jun 28, 2011 por

Estava com a mão no barro, modelando sem pressa e quando faço isso a alma flui, as coisas que mais quero afloram, as ideias e imagens saltam com limpidez de água de fonte em leito de pedras. Mas às vezes a perplexidade ganha primeiro plano.

Já não tenho acesso ao lugar de minha preferência. Desde a catástrofe de março o mirante está interditado. O bairro da Laranjeira, no caminho e entre morros, praticamente deixou de existir.

Antonina, um lugarejo ao pé da serra, a beira de uma baía onde o mar sequer faz ondas e a água da chuva deveria ter curso livre ao vasto mangue, foi inundada e sofreu com deslisamentos .

Desastre causado por chuvas torrenciais. Mas há agravantes: assoreamento, pequena parte natural, muito causado pela retirada de vegetação das margens dos rios; ocupação inadequada e construção de usina (embora a Copel negue com veemência); recortes em morros íngremes para construção irregular; construções que impediram o curso da água dos morros ao mar, como uma quadra de esportes ao lado de uma escola, que este ano já vi ser inundada pelo menos três vezes . E,  o fator recorrente:  rede de escoamento inadequada.

Enquanto vivíamos nossa pequena tragédia, no mesmo dia, ou na mesma noite, do outro lado do mundo, uma catástrofe de dimensão incomensurável, pois o  efeito do que aconteceu no Japão não tem prazo de validade.

Podemos olhar de outro ângulo: O MUNDO SE TRANSFORMA, A VIDA TEM SUAS GUINADAS E COSTUMA ASSUMIR CURSOS IMPREVISÍVEIS E INCONTROLÁVEIS.

Aí está, a teoria transformada em fatos. Pouco tempo atrás as placas tectônicas se moveram na costa do Chile, provocando desastres e deslocando o eixo da terra.  Coisa mínima, disseram os especialistas.  Entre os dois fatos,  uma cadeia de fenômenos, em diferentes pontos do globo. Esse, da costa do Japão, levou a outro deslocamento do eixo da terra, também mínimo e segundo especialistas, irrelevante. E os especialistas também disseram que as nuvens radioativas japonesas não chegariam nem mesmo aos países próximos ao Japão. Eles parecem ignorar que a TERRA é uma unidade, uma teia, uma rede indissolúvel de realimentação (positiva e negativa) , repleta de  conexões  entre as PARTES e entre elas e o TODO, e que um e outro detém informações a respeito de tudo (só para lembrar o que mostra Gregory Batson, em Natureza e Espírito).

Embora os aparelhinhos dos especialistas neguem terminantemente, já somos (poderia dizer fomos, mas o verbo não refletiria o pensamento) atingidos.

Mas as mudanças do mundo ultrapassam o plano biofísico e o químico.

Países do Oriente Médio, de princípios e religiões conservadores, enfrentam ditadores e pregam renovação. Os grandes capitalistas, mesmo na eminência de uma catástrofe nuclear, que pode ter efeitos maiores que maremotos e erupções vulcânicas, relutam em limitar a energia nuclear.

A FRAGILIDADE DA VIDA DOS SERES QUE SE PENSAM ACIMA DOS ANIMAIS (concebidos como  irracionais) ESTÁ EM EVIDÊNCIA.

As bactérias, que na eminência de risco alteram e esparramam seus genes, e o fazem em rede para preservar espécies, cumprem percurso oposto ao do homem, que antes jogou bombas atômicas em cidades japonesas, fez e faz testes de armas de todos os tipos em áreas desertas ou não tão desertas, porque a vida também existe ali. E sem pestanejar, provocou e provoca explosões no fundo do mar, sem dar valor às consequências.

Janela catastrófica?

Apenas um momento nostálgico que antecede à pergunta:

O QUE REALMENTE TEM VALOR?

Estar próximo aos meus filhos e de outras pessoas queridas, vê-los desenrolar o fio de suas vidas, cultivar afetos, dispor o conhecimento que acumulei aos trancos e barrancos a eles e àqueles que possam fazer bom uso. Escrever, cuidar de plantas e modelar algumas peças nos intervalos

Se nos derem um tempinho a mais, viajar de vez em quando, pra olhar outros jeitos de viver.

 

ler mais

Posts Relacionados

Compartilhar

BOA PARTILHA

jun 24, 2011 por

 

Cresceu à mercê dos desabafos maternos: vida dura a de mulher; um inferno; trabalho que nunca cessa, descanso que nunca é suficiente; vida de escrava; mais uma encarnação, só se for pra ser homem.

Cresceu à mercê do desencanto, mais cultivando a esperança de fazer diferente.
Cresceu, partiu, namorou, colecionou relações confusas e depois de um acordo de boa partilha, casou.

 

 

Um dia a mãe adoeceu e a receberam para que fosse cuidada. Numa manhã como tantas, enquanto ele guardava o pão e ela entulhava a louça na pia a mãe sussurrou ao ouvido: ele não se importa com essa bagunça? Deu com os ombros antes de revidar: ele tomou do mesmo café.
Noutra manhã, ele tomava banho, ela ajeitava o cabelo e da porta do quarto, novo fio de voz materna: seu marido não briga vendo essa cama desarrumada? Ela suspirou e encarou a mulher antes de responder: ele dorme na mesma cama, sai e chega no mesmo horário.
A mãe partiu e o casamento acabou algum tempo depois que ela, acelerando o passo começou a arrumar a cama enquanto ele tomava banho, lavar a louça enquanto ele seguia o primeiro telejornal e ajeitar roupa e cabelo usando o espelho do elevador.

ler mais

Posts Relacionados

Compartilhar