A Função Real das Escolas
Uma noite, numa locadora, procurava filmes brasileiros. Havia poucos e eu conhecia todos. A justificativa, conhecidíssima: ninguém quer saber de filmes brasileiros.
O Brasil produz bons filmes. Caso o trabalho de divulgação beirasse aquele dos milhares de filmes do receituário padrão hollywoodiano, a situação não seria outra?
Não vamos estabelecer um debate a respeito da distribuição e divulgação dos filmes brasileiros e americanos, mesmo porque é fato que as distribuidoras que atuam no Brasil não são brasileiras e estão a serviço das grandes empresas do ramo. E nosso assunto é educação.
E quando falamos de educação falamos de cinema, televisão, música, teatro, dança, artes visuais, literatura, história, geografia, matemática, física quântica… Mas nossas locadoras, nossos cinemas, nossos canais de televisão vivem entulhados dessas coisas de fórmula única, enredo repetitivo, violência nada gratuita (pois nos custa muito, em todos os sentidos). E nossos professores, pela formação ou pela condição financeira, raramente têm acesso a alternativas culturais.
Como podem alimentar as escolas com posturas críticas necessárias?
Atribuindo a escola a função de repassar conteúdos formais, estagnados, organizados em arquivos padrões, podemos dispensar a postura crítica. Mas se a tarefa inclui suporte à formação de pensadores que saibam usar conteúdos programáticos como base para a sua contínua aprendizagem, educadores críticos são fundamentais. E educadores críticos precisam realimentar-se continuamente. E realimentar-se da diversidade de olhares, das contradições, das contraposições.
Antes de perguntar se há no universo da educação brasileira espaço para estudantes questionadores é necessário perguntar se este sistema consegue acolher e alimentar educadores engajados, críticos, inovadores. Indo além: há interesse real na formação de professores e alunos críticos ou a busca limita-se a produção de bons técnicos?
De novo, não deixo uma bibliografia, mas um autor: Paulo Freire“.