Desculpa
Há poemas que nos falam a alma e nos acompanham anos ou décadas. Desculpa, de Maurício Távora está nesta minha lista. Não sei se o autor teve outros livros publicados. Conheço um pouco de sua história no teatro, em Curitiba, mais especificamente, no Guaira.
Desculpa
Os loucos que me perdoem,
mas a distância é fundamental.
Não é, Poeta?
E se ela está num copo de uisque,
melhor, é mais legal,
com garantia constitucional.
Os loucos que me perdoem,
mas o mais-que-perfeito,
esse que não se arrisque
e evite sempre ficar por perto.
Que apague o olhar pretensamente esperto
e vá dar voltas na avenida,
de paletó e gravata.
E que não esqueça a graxa
no sapato, o perfeito nó em cada pé,
o sorriso de lata, a barba feita –
esquerda, direita, esquerda, direita!
Felicidades migo.
Desculpa não ir contigo,
mas acontece que não vais mais,
desde aquele dia que descobristes
o gostoso costume antigo
de ficar.
De ficar – como se diz? – de ficar bem.
Os loucos que me perdoem,
sinceramente,
se com eles não consigo ir também.
Maurício Távora
de VOAVIDA Poesias