Lá vem Maria

MANJAR DOS DEUSES

ago 8, 2011 por

Inventamos a marcação do tempo. E concebemos que na linha imaginária que coordena nossas vidas, há pontos relevantes, que servem de marcos à revitalização. Natal e Ano Novo são exemplos de marcos coletivos. Quinze anos, dezoito ou vinte e um anos, vinte e cinco ou trinta anos, quarenta ou cinquenta anos servem como marcos na vida pessoal. Creio que minha vida vinha seguindo a regra, mas agora decidi inventar meu próprio ponto: cinquenta e quatro anos.
Era data de aniversário e, portanto, o momento certo para presentear-me com um dia peculiar e feliz, marco de nova etapa. Depois do abraço afetuoso e dos primeiros votos de feliz aniversário, a preparação do café da manhã. Atitude rotineira? Com certeza. Mas adicionei um pouco de lentidão e uma pitada a mais de cuidado. Comecei ajeitando ao redor do círculo de mamão, pedaços de kiwi e morango e curti o resultado. Uma flor colorida a ser degustada vagarosamente.
Atividades ao computador, apenas para responder aos amigos. No atelier de cerâmica, acabamentos feitos sem pressa alguma.

Quis um almoço de aniversário, então substitui o arroz integral de sempre pelo macarrão levemente gratinado, com molho de frango desfiado, enfeitado com rodelas de abobrinha e folhas de brócolis ao bafo, coberto com molho branco e queijo. De entrada uma salada farta, receita desenvolvida a dois e que neste dia foi feita pelo meu companheiro: beterraba, cenoura, maçã, folhas cortadas e cheiro verde.

Tudo regado com azeite de oliva extra virgem e shoyo. Para tornar o prato mais bonito e saboroso, kiwi e morangos ao redor.
A sobremesa de sempre – pedacinhos de chocolate com café puro – foi substituída pela torta de frutas, também receita própria.Primeiro uma camada fina de massa preparada com gordura vegetal, farinha de trigo, centeio, açúcar mascavo e ovo. Para a cobertura, uma camada de maçã, uma de kiwi e morango e a última de banana, polvilhada com açúcar mascavo e canela. Vinte e cinco minutos de forno preaquecido e pronto.

A louça ficou à espera. Responder ao e-mail dos filhos e dos amigos era prioridade. Outras atividades no atelier também foram postergadas para que pudesse dar a tempo à conversa.

Ao final do dia, o convite para pizza em algum lugar da cidade foi declinado. Em seu lugar, um lanche com fatias de pão integral, cobertas com ricota e requeijão e gratinadas; vinho branco e uma longa e calma conversa no entorno da mesa.

No dia seguinte, revitalizada, retomei a rotina de trabalho. A experiência fez com que entendesse que felicidade e êxtase ou euforia são antagônicos. A felicidade está contida no pertencimento, na troca, na disponibilidade para si e para o outro, na simplicidade. Talvez por isso felicidade seja o MANJAR DOS DEUSES.

ler mais

Posts Relacionados

Compartilhar