CRESCER OU PERTENCER?
Poderia começar essa conversa ressaltando a necessidade que temos conviver com semelhantes, mas estaria valorizando apenas uma face da questão. A semelhança, para ter seu valor consolidado precisa da diferença.
Ao conviver com a diferença podemos ampliar nosso universo, descobrir outras formas de ver o mundo, redefinir pontos de vista, aprender e apreender novas soluções para nossos jeitos de arranjar as coisas da vida.
É claro que podemos rechaçar o que nos é estranho. E esta é apenas uma das possíveis reações frente ao novo. Mas é certo que algumas diferenças nos chocam. As vezes porque os valores nelas expressos ferem os nossos. Outras, porque nos apegamos ferrenhamente aos nossos padrões e as diferenças, apontando para mudanças necessárias, nos assustam.
Podemos, no entanto, ampliar nosso universo aprendendo com a diferença. Se entendermos os outros jeitos de ver e viver a vida como legítimos e nos colocarmos abertos e receptivos ao entendimento desses outros jeitos podemos importar o que é pertinente, provocando em nós mesmos, sínteses enriquecedoras.
Ainda assim, há diferenças impossíveis de serem superadas. Em especial, aquelas sustentadas por valores tão diversos dos nossos, que se absorvidas, nos tirariam de nosso próprio eixo.
Viver em sistemas destoantes da nossa índole provoca desconforto, estresses às vezes intransponíveis, faz com que nos sintamos forasteiros, estranhos e desgarrados.
Experiências desta natureza provocam, com freqüência, o desejo de fincar os pés n’algo com que nos assemelhemos. São elas que nos fazem perceber os ônus do “não pertencer”, do “não estar entre iguais”. Com essa afirmação não quero desqualificar o valor da vida entre diferentes. Repito: a troca é essencial à ampliação de nossos universos, à promoção de mudanças e também para a revalorização e revitalização do que somos. Mas a semelhança nos permite o pertencimento e o sentimento de integração. Na semelhança nos reconhecemos e nos reafirmamos.
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