Lá vem Maria

Crônicas da Resistência no Paranaaqui

jul 11, 2016 por

No dia 28 de julho de 2016 marcaremos nosso posicionamento: somos terminantemente contra o golpe que toma o Brasil.   O ato que sela nosso compromisso com a democracia contará com o lançamento do livro Cronicas da Resistência, organizado por Cleusa Slaviero, publicado pela Editora ComPacto e que traz o registro de nossos olhares.
Compartilhamos aqui a matéria da jornalista  Ana Maria de Jesus, publicada no Paranaaqui em 07/07/2016

Lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016

Lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016

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Escritores promovem ato em defesa dos direitos políticos de Dilma Rousseff. No dia 28/07, no Teatro da Reitoria da UFPR, acontecerá o lançamento do livro Crônicas da Resistência 2016. O livro traz o selo da Editora ComPactos e foi coordenado por Cleusa Slaviero. As crônicas, assinadas por escritores e profissionais das mais diversas áreas e de vários estados do Brasil, mostram a leitura dos momentos políticos conturbados pelos quais o país passa. O prefácio é assinado pelo Prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Perez Esquivel e, a contracapa, pelo Teólogo, intelectual e pacifista Leonardo Boff.

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Escritores: Silzi Mossato, Paulo de Jesus e João Bello

Para a romancista Silzi Mossato, autora de uma das crônicas, o livro revela olhares sobre o golpe, abordando aspectos e ângulos diversos e afirma: “Fazemos o ato ciente que, se desistirmos, não seremos uma nação, não teremos uma pátria que nos acolha ou que abrigue as próximas gerações”.

O escritor e poeta Paulo de Jesus, autor de uma crônica, alerta que a sociedade não pode compactuar com o golpe branco. Crônicas da Resistência é um grito coletivo de 83 brasileiros em prol do estado de direito. Será um ato político de resistência ao golpe branco que assola a nação e diz: “O evento será mais que o lançamento do livro com registros históricos dos momentos conturbados que estamos vivenciando. Será um ato político em defesa do mandato da Presidenta Dilma, da democracia e do respeito aos mais de 54 milhões de votos”. O poeta, músico e educador João Bello diz que a democracia, em momento algum, deve ser cerceada e afirma: “Será uma noite de Cultura e Resistência pelos nossos sonhos, ideais e pela democracia. Somos a Curitiba hospitaleira, generosa, solidária e queremos mostrar isto recebendo autores de todo o Brasil que bravamente resistem a esse momento crítico”.

O evento é aberto e gratuito e conta com o apoio dos movimentos sociais. Os autores explicitam que todos os defensores e simpatizantes da democracia e do pleno estado de direito estão convidados a comparecerem e fazer deste evento um grandioso ato político em prol da democracia.

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Ensimesmar: o verbo

jul 5, 2016 por

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Ensimesmar é o verbo do inverno. As plantas se recolhem, deixam partir as velhas folhas e se preparam para a florescência primaveril.

Ensimesmar é o verbo das despedidas. As marcas deixam as sombras, afloram , nos pedem para lamber as feridas e chorar as dores que se preparam para partir.

Ensimesmar é o verbo da lagarta. Encouraçada e protegida ela tece asas, metamorfoseando-se em borboleta antes de romper o casulo.

Ensimesmar é verbo de quem deixa a alma falar. Permite que o inverno entre,  trata de recolher-se, coloca as paixões de molho, limpa a casa e relaxa o corpo. Sem pressa de saber por onde caminhar, prepara as asas para o voo livre.

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A Função Real das Escolas

jun 6, 2016 por

Uma noite, numa locadora, procurava filmes brasileiros. Havia poucos e eu conhecia todos. A justificativa, conhecidíssima: ninguém quer saber de filmes brasileiros.

O Brasil produz bons filmes. Caso o trabalho de divulgação beirasse aquele dos milhares de filmes do receituário padrão hollywoodiano, a situação não seria outra?

Não vamos estabelecer um debate a respeito da distribuição e divulgação dos filmes brasileiros e americanos, mesmo porque é fato que as distribuidoras que atuam no Brasil não são brasileiras e estão a serviço das grandes empresas do ramo.  E nosso assunto é educação.

E quando falamos de educação falamos de cinema, televisão, música, teatro, dança, artes visuais, literatura, história, geografia, matemática, física quântica… Mas nossas locadoras, nossos cinemas, nossos canais de televisão vivem entulhados dessas coisas de fórmula única, enredo repetitivo, violência nada gratuita (pois nos custa muito, em todos os sentidos). E nossos professores, pela formação ou pela condição financeira, raramente têm acesso a alternativas culturais.

Como podem alimentar as escolas com posturas críticas necessárias?

Atribuindo a escola a função de repassar conteúdos formais, estagnados, organizados em arquivos padrões, podemos dispensar a postura crítica. Mas se a tarefa inclui suporte à formação de pensadores que saibam usar conteúdos programáticos como base para a sua contínua aprendizagem, educadores críticos são fundamentais. E educadores críticos precisam realimentar-se continuamente. E realimentar-se da diversidade de olhares, das contradições, das contraposições.

Antes de perguntar se há no universo da educação brasileira espaço para estudantes questionadores é necessário perguntar se este sistema consegue acolher e alimentar educadores engajados, críticos, inovadores. Indo além: há interesse real na formação de professores e alunos críticos ou a busca limita-se a produção de bons técnicos?

 

De novo, não deixo uma bibliografia, mas um autor: Paulo Freire“.

 

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Madalena Freire e A Paixão de Conhecer o Mundo

maio 27, 2016 por

apresentação do livro Além das Montanhas Coloridas no FAMA-Arapoti

apresentação do livro Além das Montanhas Coloridas no FAMA-Arapoti

Decorrem 12 anos desde de meu afastamento da atividade de psicóloga educacional, mas bastou um evento – o FAMA, de Arapoti, Paraná – para que o desejo de compartilhar as experiências acumuladas tomasse o corpo e a alma. Desejo que, a partir de agora, transponho para a escrita.
Esse anseio foi aguçado, primeiro, pelo trabalho de João Bello e Susi Monte Serrat, que contou com a participação do músico Jeronimo Colbert Bello. Aparentemente eles fazem um show alegre, divertido e colorido. Desses espetáculos que nos incitam a cantar, dançar e alimentar as raízes. Mas na verdade é uma aula prática, recheada com os elementos que mais faltam no cotidiano escolar: o prazer e a criatividade.
Não imaginem que ao pontuar a ausência de alegria e criatividade no ambiente escolar, estou criticando professores ou equipes pedagógicas. Antes, tenho plena consciência de que esse formato enrijecido do processo tem bases no Brasil imperial e que quando estava em plena mutação, sofreu os efeitos da ditadura militar.
Não irei, neste texto, mergulhar na etiologia do problema. Abordarei alguns aspectos em artigos futuros. Mas, de imediato, indico o livro História da Educação no Brasil, de Otaíza de Oliveira Romanelli, que registra extensa e profunda pesquisa da autora.
Voltando a eclosão do desejo de compartilhar, o segundo desencadeador foi a apresentação do trabalho do artista Hélio Leites, pelo próprio. A arte de Hélio tem como matéria prima aquilo que jogamos fora todos os dias: caixinhas de fósforo, palitos, latinhas, entre outros. Enquanto ele mostrava objetos e falava do seu fazer artístico, ideias sobre a aplicação deste fazer no resgate do prazer de aprender, da auto estima, da capacidade de pensar criticamente e de criar invadiam o pensamento.
Não imagino que reverter a rigidez do ensino seja um processo simples. Comprometimento das equipes, capacitação continuada e presencial, além de estratégias para proteção das mudanças obtidas são imprescindíveis para fazer brotar alegria no ambiente escolar, desencadear condutas de respeito para com as diferenças individuais e permitir a criatividade e espontaneidade. E, é claro que baixos salários e sobrecarga de trabalho são barreiras adicionais. Mas também tenho convicção, fundamentada na experiência, que agregando prazer e alegria ao ato de aprender e ensinar, a vida dos profissionais envolvidos será positivamente afetada.
Foi neste contexto, em meio ao FAMA, junto com colegas escritores que lá estavam para apresentar suas obras, que lembrei de Madalena Freire e do livro A Paixão de Conhecer o Mundo.
Tão apaixonante quanto o nome, a obra traz a transcrição da experiencia da autora na Escola da Vila, em São Paulo. Relata o processo, mostra a aplicação do que chamamos práxis e os resultados obtidos. O prazer e a criatividade vivenciados contaminam cada página do livro, que parece escrito por crianças felizes.
Madalena apresenta um caminho. Há outros. Cada unidade educativa pode descobrir o seu.

Na galeria, fotos dos escritores apresentando seus livros aos professores da rede municipal de Arapoti.na primeira foto: Paulo de Jesus, Silzi Mossato, Sedinei Rocha, Desirée Cavallin Veloso e Francine Cruz. Na sequencia, João Bello, Hélio Leites, Susi Monte Serrat e Jeronimo Colbert Bello.

(para visualizar: clicar sobre a foto para abrir e repetir o clic para tela cheia)

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Minha Resposta a Silas Malafaia

maio 14, 2016 por

Segundo  uma postagem que entrou na minha página do Facebook, Silas Mafalafia escreveu: ” OS ESQUERDOPATAS ESTÃO CHORANDO PORQUE TEMER ACABOU COM UM DE SEUS ANTROS, NO MINISTERIO DA CULTURA.”

Escrevendo”Esquerdopatas” ele junta esquerda com psicopata. E eu sou de esquerda. Mais de esquerda que o PT.  Mas, conhecedora de psicologia e psicopatologia, afirmo que um psicopata  é  incapaz de empatia, de se colocar no lugar do outro, de considerar ou respeitar as necessidades do outro. Portanto,  o grupo que acaba de apropriar-se da vida de 200 milhões de pessoas e estabelecer um plano de governo que retira direitos,  joga na miséria um imenso contingente de indivíduos de todas as idades, que se posiciona contra o aborto enquanto estabelece politicas que matarão bebes de fome e de falta de atendimento e que alimenta a violência está muito mais próximo do conceito de psicopatia que nós,  de esquerda.

Somos designados ” de esquerda” exatamente por sermos sensíveis ao sofrimento humano e lutarmos por uma nação igualitária. Sofrimento que o grupo ao qual Malafaia pertence irá aumentar abruptamente.
Quanto ao Ministério da Cultura, sim, eu sinto pela extinção e pela saída do admirável sociólogo Juca Ferreira.

Sinto ainda mais, porque sei que farão o impossível para eliminar   os resultados do trabalho que o historiador e escritor Célio Turino desenvolveu: O Programa Cultura Viva.  Um programa do MINC que mudou o paradigma na elaboração de politicas públicas na esfera da Cultura e  viabilizou a criação de milhares de Pontos e Pontões de Cultura, atingindo milhões de pessoas e criando milhares de postos de trabalho.

O programa, iniciado na gestão de Gilberto Gil, teve continuidade com  Juca Ferreira, ambos no governo Lula.
Foi e ainda é o melhor trabalho na área de cultura que já tivemos em todos os tempos. Articulado em rede e fomentando a diversidade, é também o melhor programa contra a exclusão e, consequentemente, contra a violência. .

É indispensável ter informação correta, lucidez e capacidade de empatia (ausente nos psicopatas ) para perceber o valor das ações desencadeadas em propostas dessa ordem. Mas está claro que o grupo que se apoderou do país quer acabar com tudo isso e, também restringir a educação pública, para eliminar qualquer resquício de pensamento crítico da sociedade brasileira. E não duvido que, ao mesmo tempo,  ampliem os domínios dos meios de comunicação que, nos últimos 11 anos, trabalhou de forma antiética e sistemática, para colocá-los no poder.

Por tudo o que vemos, é preciso lembrar que Juca Ferreira, em reunião com os representantes dos pontos de cultura, salientou: “É um erro transferir a dinâmica que vocês representam em seus territórios para o Estado. Se não, em vez de fortalecer, vamos enfraquecer. Vocês são representantes da complexidade cultural que o Brasil é”. 

Juca também salientou  que o  cenário econômico brasileiro e o avanço de movimentos reacionários, ameaçavam “a perenidade da conquista de direitos já adquiridos, inclusive culturais”. Enfatizou ainda a importância da atuação dos “Pontos de Cultura para garantir avanços e contribuir no processo de democratização. “

Além de Juca, Adolfo Pérez Esquivel aponta a importância da diversidade cultural na instrumentalização do processo democrático e alerta para os riscos do que chama de “monocultivo das mentes”.

Estamos experimentando os danos do monocultivo praticado pelos grandes meios de comunicação instalados no Brasil. Vivenciamos a alucinante impossibilidade de contra argumentar, de fazer chegar a uma parcela da população que sofrerá os danos do golpe, informações pertinentes.
Não faço parte de nenhum Ponto de Cultura. Convivo com integrantes e conheço a boa pratica de alguns desses pontos.  Afirmo, sem titubear, que a postura delineada por Juca Ferreira, Celio Turino e Adolfo Perez Esquivel, é aquela que precisamos. A nação ganha quando integrantes dessas unidades  assumem posição similar. Sabemos que é necessário, ainda, promover a autonomia econômica das unidades e ampliar suas ações.

Quando eliminar o livre pensar é a desejo de um governo ilegítimo, fortalecer a diversidade, aumentar o comprometimento com praticas educacionais que permitem o pensamento crítico é o mais eficiente ato revolucionário.

As imagens da galeria são de um dos bons pontos de cultura do Paraná, obtidas quando Erly Ricci e eu,  do trabalho da Associação de Cultura Popular Mandicuera, registrado na página:

http://projetointerfaces-solasol.blogspot.com.br/

Parte do depoimento de Adolfo Pérez Esquivel, que inclui sua visão de” monocultivo das mentes” , está em https://www.youtube.com/watch?v=KmVol94yGQM

 

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Ações de acolhimento em “O Planeta é um só”

maio 3, 2016 por

foto de Erly Ricci

foto de Erly Ricci

Estávamos no meio da tarde quando ele sentou de frente para nós. No meu corpo apareceram  emoções desencontradas. Perplexidade, choque, desamparo, perda e ternura. A visível afetividade do interlocutor permeava as falas conscientes de quem viveu a crueza da guerra. Ele compartilhava suas experiências e eu continuava atônita, bombardeada por sensações de estonteamento,  ruptura e desproteção. Calculo que o narrador tenha a mesma idade de um de meus filhos. Meus filhos, que como milhares de outros da mesma idade, enfrentam as adversidades do nosso tempo e seguem, construindo suas histórias particulares, sem que isso lhes roubem a base familiar. Mas ele afirma que esse não é o seu lugar, que sua família ficou para trás, no lugar origem, para onde já não pode voltar. Ele é um sírio que talvez não tenha completado 30 anos. Não é o único e a Síria não é o único país de origem daqueles que conheci naquela tarde de sábado.
Era noite quando as atividades foram encerradas e deixei o local, impregnada de ternura e rijeza. Segui para casa com a alma a repetir que é preciso insistir, persistir, resistir, lutar. A vivência proíbe que venha a sucumbir.
Continuarei frequentando as reuniões do projeto “O mundo é um só” e confesso que precisei de duas semanas para falar do que ficou impregnado em mim. Mas não foi preciso mais que minutos de caminhada para reconhecer que uma nova pilastra interna emergiu da experiência.

“O Planeta é um só” é um projeto de acolhimento e troca de experiências, aberto tanto aos imigrantes quanto aos brasileiros. Conta com a parceria do Instituto Tibagi que sede espaço para as reuniões. Para participar basta ir as reuniões.

Para ter informações pode-se acessar a página do Facebook https://www.facebook.com/oplanetaeumso

Para conhecer um pouco mais, veja a matéria na página do Instituto Tibagi http://institutotibagi.org.br/2016/03/14/parceria-com-o-planeta-e-um-so-no-apoio-aos-migrantes-e-refugiados-no-brasil/

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O Sagrado Risco De Ser

abr 26, 2016 por

Preciso parar urgentemente com a cerveja,
porque depois da segunda,
a língua perde a trava,
falo o penso,
mostro o que sou.

Depois da segunda cerveja,
a ternura aflora,
a emoção ganha asas,
as regras perdem o sentido,
o senso comum vira pó.

Depois da segunda cerveja,
as amarras se dissolvem,
os medos cometem suicídio,
o orgulho tem sede de afeto,
o amor se liberta da monogamia.

Preciso parar urgentemente com a cerveja,
porque depois da segunda,
desato as correntes,
me coloco em risco.
No sagrado risco de ser.

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